segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ser criança não significa ter infância

O documentário "A invenção da infância", dirigido por Liliana Sulzbach, aborda a infância atualmente. O curta é uma reflexão sobre o que é ser criança no mundo contemporâneo, mostrando que ser criança não significa ter infância. Mostra crianças de classe baixa trabalhando e as de classe alta, que supostamente deveriam ter infância, tendo tantos compromissos quanto um adulto, fazendo com que ficassem desgastadas ao longo do dia. O que fica evidente é que todas elas, independente de classe social, sonham com uma infância a que todos têm direito. Por meio de imagens e da fala de cada criança, ficam presentes em nossa memória os gritos, de amargura ou tristeza em certos casos, de uma alegria incompleta em outros. O contraste é marcante entre meninas que têm hora para tudo (balé, inglês, natação, escola...) aos garotos de mãos calejadas que cortam sisal ou trabalham em pedreiras.

A palavra infância lembra felicidade, época em que não temos preocupações e podemos brincar livremente sem pensar no amanhã. Criança e infância parecem ser sinônimos. Ou, pelo menos, deveriam ser. O conceito da palavra criança surgiu na época do Renascimento, no início da Idade Moderna (entre o final do século XV e o século XVI). Foi um período de crescimento, confiança, antropocentrismo, a crença na humanidade e na sua capacidade. Shakespeare, Galileu, Da Vinci, Cervantes e Hobbes fizeram a ciência, a arte, a literatura, o conhecimento florescer, ao mesmo tempo em que era criado a ideia de infância. A concepção que surgia era de que a infância era ligada a meninos e meninas brincando, rindo, chorando, aprendendo, interagindo. Eles teriam tempo para ler, conhecer histórias e desfrutar dos prazeres da infância.Mas, mesmo com ideias sendo consagradas por pensadores e celebradas em leis, a realidade se manteve afastada daquilo que se previa no papel. O preto no branco não garantia a infância para todas as crianças. Ainda era grande a quantidade de infantes que não frequentava escolas. Também abundavam os menores que ao invés de brincarem tinham que trabalhar nos campos, nas oficinas, no comércio. Na chegada do século XX, era de se esperar que houvesse o encontro definitivo entre criança e infância, afinal o século XX veio acompanhado de avanços sociais, políticos, econômicos e culturais. Mas não foi o que aconteceu; não se pôde afirmar categoricamente que toda criança vive a infância como deveria, com a felicidade de quem pode brincar de boneca ou chutar bola, estar numa sala de aula, alimentar-se dignamente, não ser obrigada a quebrar pedra ou cortar cana. No mundo em que vivemos, algumas famílias têm condições de dar uma infância digna aos seus filhos, outras não. Não são todas as crianças que possuem acesso à escola, aos brinquedos, às amizades. Mesmo essas crianças sentem o peso da modernidade. Vivem uma vida de adulto, com o relógio comandando sua vida. Uma série de compromissos que definem sua rotina diária. Aulas de inglês, balé, tênis, impedem que tenham tempo para brincar. São forçadas a agir e a pensar como adultos. 




Referência

MACHADO, João Luís. A invenção da infância. Disponível em <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1665>. Acesso em 13 jun. 2011





Grupo 8: Laura Gomes, Thamires Waechter, Vanessa Costa, Juliana Eichwald e Jonara Raminelli

Nenhum comentário:

Postar um comentário