quarta-feira, 29 de junho de 2011

Narradores de Javé

Antônio Biá é um mau-caráter. Trabalhava no posto dos Correios do povoado Javé. O posto ia fechar porque o movimento era pequeno. Para não perder o emprego, Biá inventou de escrever carta para todos os seus conhecidos em outros povoados e cidades. Difamou a todos de Javé. Foi expulso do povoado e passou a morar isolado de todos. Mas o povo de Javé precisou de Antônio Biá. Trouxe-o de volta. Ele era o único que poderia salvar Javé de uma inundação anunciada a todos e ninguém podia fazer nada. Como salvar o povoado? Escrevendo sua história. Biá sabia escrever e a ele foi confiada a tarefa de registrar as memórias de Javé para que as autoridades reconhecessem o povoado como patrimônio histórico e o poupasse da inundação. 
Narradores de Javé é um filme surpreendente. Surpreendente não pelo fato de contar uma história de um povo ameaçado pelo poder das águas de uma represa. Mas pelo fato de criticar com bom humor os problemas sociais que assolam a classe menos favorecida.
O enredo de Narradores de Javé se parece com a vida real. Javé pode ser qualquer muncípio brasileiro.Biá tinha o poder nas mãos porque sabia escrever. O povo depositou sua confiança em Biá. Ele prometeu, enrolou e não cumpriu com o combinado: escrever as memórias de Javé. Biá pode ser visto como as autoridades municipais brasileiras que têm um histórico nada agradável.
Mas, por outro lado, pode-se analisar este fato por outro prisma. Biá não escreveu a história de Javé porque Javé não tinha memórias. A comunidade javélica, essas eram as palavras de Biá, era um povo semi-analfabeto. Um povo que não sabia reivindicar seus direitos. Um povo que mal sabia escrever o próprio nome. Um povo sem instrução. 
Um leitor perspicaz pode deduzir que o filme Narradores de Javé é uma crítica social. E pode também compreender que o maior mal de Javé era a falta de educação. Javé representa o Brasil porque seu povo não conhecia educação de qualidade. Educação de qualidade no Brasil é privilégio de uma minoria, da minoria que pode pagar uma escola particular, que pode mandar o filho para estudar no exterior.
E as águas vieram. Inundaram Javé e com Javé foram inundadas suas memórias. Sua história não pode ser escrita porque um povo analfabeto é um povo que não consegue formular ideias, não tem poder de argumentação. É facilmente vencido pelo poder dos que sabem mais. Os narradores de Javé não conseguiam narrar sua história porque não sabiam organizar suas ideias. Cada um queria contar uma história á sua maneira. Cada um queria ser mais importante e o único descendente do fundador de Javé.
Javé tem a cara do Brasil e o Brasil terá a cara de Javé se nada for feito para mudar a realidade. É preciso entender que uma sociedade livre, justa e solidária, como prega a Constituição, só pode ser construída com homens e livros; com uma educação de qualidade.


Grupo 5: Cássio, Lucas, Larissa, Júlia, Julian

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