quinta-feira, 28 de abril de 2011

Fato escrito não é fato acontecido

            O filme Narradores de Javé conta a história  de um povoado prestes a desaparecer em meio às águas de uma represa. Ele valoriza a história oral como fonte de uma narrativa conduzida por seus protagonistas: o próprio povo que se formou a partir daquela história que eles agora contam.
            Seu objetivo é levar reflexão à respeito do que deve ser considerado válido. A palavra escrita torna-se diferente quando citada.  A dimensão da fala transcende as regras ou limites gramaticais, culturais e sócio-econômicas; é publicada, contada, e passada adiante. Daí cada receptor retira uma nova abordagem uma nova abordagem, uma nova estória (ou história) que, ainda, será repassada à frente.
            Nesse contexto, o filme aborda diversos temas como, a formação cultural de um povo; heranças históricas; crenças; valores; oposição entre memória, história, verdade e invenção; importância da oralidade na construção cientifica; confronto entre o progresso e as tradições do vilarejo.
            O filme fala sobre a história do povoado de Javé, situado na Bahia, que será submerso pelas águas de uma represa. E a única chance da cidade não sucumbir, é possuir um patrimônio histórico (antes inexistente) de valor científico (ou seja,com provas e registros). Os moradores de Javé se reúnem e apontam as histórias que o povo conta como o único patrimônio do povoado. Assim, decidem escrever um livro sobre as grandes histórias do Vale do Javé, logo chamado de livro da salvação, mas poucos da cidade sabem  ler e escrever. O  mais esclarecido é o carteiro Antônio Biá, que apesar das desavenças com os moradores locais se torna o responsável  por reunir as histórias sobre a origem de Javé. Porém com o desenrolar da história a missão de Biá se mostra mais difícil do que parece, dentre outros motivos pelo fato dos cidadãos de Javé tentarem mudar o fato para beneficiar seus interesses, além do próprio protagonista que já é preguiçoso e irresponsável. No final da trama a tentativa de salvação da cidade se torna inútil e Javé desaparece destruída pelo progresso. Como lição, as pessoas que habitavam Javé, entenderam que para existir oficialmente, é necessário possuir provas escritas sobre o local pra onde partiram para formar uma nova “cidade”.
            A história nos faz refletir sobre a grande diferença que existe entre a linguagem oral e a linguagem escrita. Como provar que tudo que as pessoas diziam era verdade se não existiam formas de comprovar esta verdade, ou seja, algo de científico?
            A grande lição da obra pode ser resumida em uma simples frase:

“Fato escrito não é fato acontecido”.

Grupo 3: Vania Soares, Vivian Porto, Mariele Garcia, Fábio Felício

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Construindo uma identidade - Narradores de Javé - GRUPO 1

  O filme aborda diversos temas como a formação cultural de um povo, suas heranças históricas, suas crenças, valores, memória e identidade. Tudo isso apresentado através de uma narrativa rica que dá ênfase a construção de uma história oral. Relativizando a ideia de divisão entre o presente e passado. O maior mérito da obra é exatamente, a explicita falta de definição do que é história e do que é presente, onde verdade e mentira são conceitos ultrapassados.
  Um aspecto forte que o filme traz e que remete à história do Brasil é o acesso à terra,  direito que é continuamente usurpado por outra forma de relação com a terra introduzida nesse continente pelos europeus desde os primórdios da colonização. Os habitantes de Javé não possuíam nada mais do que a própria voz e a qualidade de seus versos, para comprovar o que era seu pedaço de chão. A terra, cujos limites eram cantados, porque, como organismo vivo escuta e sente, respondendo aos anseios da vida das pessoas que a cultivam e que nela habitam com reverência. Sem sua terra, que fica imersa sob toleradas de água, aos habitantes de Javé - agora sem-terra - fica apenas sua identidade, simbolizada pelo seu precioso sino de ferro.
  Os relatos em tom mítico dos moradores que não conseguem se entender entre suas versões, os “causos” contados sobre a suposta verdade da fundação de Javé, e o mito fundador de Indalécio e de Mariadina, refletem as formas de construção identitárias e sua relação com a cultura de uma comunidade. A narrativa do filme, explicita a indiferença que conceitos como verdade ou mentira possuem na construção cultural. Se Indalécio era um herói quilombola (aos modos de Zumbi), líder bélico luso-brasileiro ou ainda, homem fraco que morreu de desinteria (aos modos de Dom Pedro I), de certo modo não importa. A "verdadeira cara" de Indalécio é a imaginada pela comunidade local, pois será está interpretação que ira ter significado aos habitantes (ou ex-habitantes) de Javé e ser significante de sua identidade.
  Curiosidade:  Os dois mil moradores de Gameleira da Lapa  (locação do filme) estavam sem coleta de lixo há onze anos e foram incentivados a não apenas recolher o lixo como a separá-lo para reciclagem. Com tudo isso, a população local passou a exigir dos órgãos competentes a coleta seletiva, o que deu início a um processo para trocar o nome da cidade de Gameleira da Lapa para Javé. Certamente o filme deu mais conta da História e seus Sujeitos do que esperava.

Fonte:
HALL, Stuart. A questão da identidade cultural. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1995.

HALL, Stuart. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003.

SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia Aparecida de; SILVEIRA, María Laura (Org.). Território: globalização e fragmentação. 3. ed. São Paulo: HUCITEC, 1996.

http://www.webartigos.com/articles/24603/1/RESENHA-CRITICA---FILME-NARRADORES-DE-JAVE/pagina1.html#ixzz1Kg94Z6AC - acessada em 25/04/2011.

Componentes; Marisa Konzen, Vinícius Finger (mediador).

Filme: Narradores de Javé - Grupo 10

No filme assistido, "Narradores de Javé", pudemos ver e compreender a importância da história escrita. O filme traz a história de moradores de um pequeno vilarejo que, correndo o risco de ser inundado por uma repressa que ali construiriam, seus moradores decidem documentar a história do vilarejo, mostrando a importância que ele tinha para a história, e assim tentar salvá-lo.

O "problema" surge na hora de escrever estas histórias. Cada morador tinha uma versão dos fatos acontecidos, e jurava de pé junto ser aquela a verdadeira. O personagem "Biá", seria o responsável em passar para o papel estas histórias, pois era o único a saber escrever. Porém o que aconteceu, foi que Biá, por ser o típico malandro e até certo modo, preguiçoso, passou a perna nos outros moradores, e acabou não escrevendo nada do que haviam lhe contado, e a cidadezinha acabou completamente embaixo da água. A única coisa que restou, e que conseguiram "salvar", foi o sino da Igreja, sino este que tinha para eles um grande significado. 

Os moradores tiveram então de partir, deixando para trás todas suas histórias e lembranças da pequena Javé, que agora estava embaixo da água. Ao ver o vilarejo nesta situação, Biá percebe o mal que acabou fazendo, não somente ao povo, mas a si mesmo, porque afinal, também era um morador daquele singelo vilarejo. 


Aline G. Gonçalvez e Luis Eduardo Bandeira.

Não confundam Habeas Corpus com Corpus Christi, ok?

"Narradores de Javé", um grande filme, com um grande elenco, uma típica história brasileira. Mostra a luta de um povo pelos seus ideais. Mas que ideais seriam estes? Será que existiam ideais? Talvez nem mesmo a própria população do povoado saberia. Realmente Antônio Biá (José Dumont) dentro das devidas circunstâncias vibra em outras freqüências, em relação aos outros moradores da vila. Isso fica claro em vários momentos do filme, claro inquestionável a sua “esperteza”, sua malandragem, porém vale lembrar que até para ser malandro, assim como era ele no filme, deve-se  ser um pouco inteligente. Talvez seria ele sim um aspirante de luxo a jornalista, pois existia lógica em alguns de seus “pensamentos”...Mas vejam bem colegas, não confundam Habeas Corpus com Corpus Christi, ok?! Claro que me refiro a um jornalismo “sujo”, pouco verdadeiro e transparente. Dificílima a tarefa de Biá, pois além de ter sobre seus ombros a tarefa de escrever a história de Javé e assim salvá-la do afogamento, o rapaz ainda tinha que saber filtrar as “verdades” ouvidas nas várias versões que os “heróis” do povoado contavam. Contudo fica claro que todos tem uma enorme identificação com o lugar,e fazem  daquele mundinho o seu mundo.

Segue abaixo algumas frases ditas pelo mestre Antônio Biá;

- “clone de miolo de pão”
- “Uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito. O fato acontecido tem de ser melhorado no escrito de forma melhor para que o povo crêia no acontecido”
- "tão parecendo um bando de abelha menstruada"...
- "Vocês tão pensando que eu sou quem? O divino Espírito Santo amém? O POKEMON DE JESUS?"
- imagine se a gente peidasse à propulsão...
- “Indaleu é mesmo Indalécio?? Se não for parece que é, tem tudo pra ser então vai ficar sendo.”

Posição do grupo: Muitas coisas que se passam no filme são semelhantes com outras tantas que acontecem no nosso dia-a-dia. Sonhos, verdades, mentiras, a busca pela coisa certa, a dificuldade de “engolir” as tantas  mudanças que nos saltam  aos olhos todos os dias. Fazemos escolhas a cada minutos, o tempo todo. Escolhemos a roupa que vamos vestir, o que vamos comer, o carro, o ônibus, pra quem dar bom dia para que não dar. E às vezes, não temos escolha, simplesmente “vamos indo”, sabendo ou não o que nos aguarda, assim com fez o povoado de Javé. Sobre o jornalismo em si, é preciso saber que dois jornalistas podem  testemunhar um mesmo fato porém poderão narrá-lo de forma diferente, mas se  no entanto realmente forem  bons e honestos não  fugirão da essência do fato. Hoje em dia esse” jornalismo” a lá Biá  é muito praticado por diversos meios de comunicação, alguns na pressa de dar a notícia em primeira mão acabam  por não fazê-la de forma correta,ocultando ou até mesmo modificando a notícia. Nessa nova era, ”on-line” já não interessa mais a notícia, mas sim quem a  “lançar’ primeiro. Um grande filme, recomendado á todos.



Grupo Eduardo Mesquita (Moderador), Gustavo Gerhard e Diego Dettenborn

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um significado científico para uma história significante


O filme brasileiro 'Narradores de Javé', dirigido por Eliane Caffé, exibido na aula da última quarta-feira (13.04.2011), trouxe uma importante reflexão sobre patrimônio. Palco desta história foi o sertão nordestino, que conta ou tenta contar, a origem de uma pequena vila, chamada de Javé.
Relacionando o contexto histórico do filme com a Antropologia, destaca-se a dificuldade de concluir um estudo etnográfico sobre aquele vilarejo. Depara-se com uma comunidade analfabeta, e que tem como missão, produzir um estudo 'científico'. No entanto, apesar da metodologia de pesquisa ser a mesma de um pesquisador - ir a campo e ouvir – o que muda neste contexto são as versões, nem sempre verdadeiras e fiéis aos fatos.
Javé é uma terra sem lei, pobre, formada por pessoas que pouco (ou muito) sabem dos seus antepassados. Ameaçados de terem que abandonar o local, pois uma usina hidrelétrica colocaria debaixo d'água aquela comunidade, o grupo de moradores decide formalizar a história e provar que Javé é um patrimônio histórico.

A estratégia é reunir documentos e memória em forma científica e, para isso, vão contar com a ajuda do único alfabetizado, Antônio Biá. A corrida contra o tempo é para provar que pertencem aquela terra. Até então, o registro de poder de terras era apenas falado, em troca da garantia do cultivo daquela extensão da propriedade.
A partir daí, o drama narra o artifício que Biá terá para 'florear' as histórias que lhe contam. Entre relatos javélicos, o escritor quer mostrar que  "uma coisa é o fato acontecido, outra é o fato escrito". Ao final, ele que tinha se comprometido em descrever as memórias de Javé, entrega um livro em branco. Argumenta que a construção da hidrelétrica servirá para o progresso de uma maioria, nem que isso tenha que valer o sacrifício de ver se afogar a memória dos seus antepassados.
O que chama a atenção, é que o filme passa impressões de tempos diferentes, o que acaba abrindo um leque de versões, que une presente, passado e futuro. Ou seja, a história começa a ser contada por um dos moradores de Javé, depois que tudo já havia acontecido, o que não se descarta que ele mesmo deu a sua própria versão. Uma espécie de ideia metalingüística, onde o presente é o tempo de narração do filme; o passado, o tempo de narração dos relatos dos moradores; e o tempo mitificado, que é da imaginação e da memória dos moradores, voltando ainda mais ao passado, de origem de Javé. Um verdadeiro telefone sem fio.
Fora das telas e da história cinematográfica, essa projeção leva a uma reflexão sobre as histórias que nos foram contadas sobre nossos antepassados. Biá estava certo, nenhum historiador será integralmente fiel aos fatos. Sempre haverão versões e 'floreamentos' na hora de transpor para o papel.
Querendo ou não, todos nós sofremos influências do nosso tempo. Neste sentido, vale dizer que nossos valores, cultura, costumes, religião, partido ou filosofia de vida, podem influenciar diretamente em alguma omissão de dado, ou na alteração de algum fato, mesmo que seja nosso dever repassar exatamente a informação como ocorreu e foi dita. No caso do filme, são tantas versões que, chegar ao final com uma história bem diferente do que a original é uma possibilidade bem próxima.


Ou seja,o filme traz a oposição entre história, memória e verdade – todas ligadas à cultura oral. Cada um dos personagens tem uma visão sobre a origem do lugar e o processo revela as relações de interesse e poder. Ela lida com mentes, idéias, e com o que é imprevisível no ser humano. Se as aparências enganam, a História também pode nos enganar porque é fruto do humano, dos nossos desejos, sonhos, anseios. 



Em 'Narradores de Javé', o povo viu suas histórias mergulharem. Debaixo d'água ficaram o que construíram em muitos anos; nas lembranças, as histórias. O simbolismo do sino da igreja foi levado do início ao fim do filme. O sino que tinha sido a única herança cultural dos primórdios daquela civilização, se tornava o primeiro objeto histórico que o povo de Javé começava a carregar. E é a partir dali que a história começa a ser escrita. Cabe a nós que vivenciamos o agora, registrarmos o hoje.
E será que nos livros de história, que registraram os mais importantes fatos do Brasil e do mundo, dos tempos que reproduziram guerras, lutas, impérios, de cem anos atrás ou até dois mil anos antes de Cristo, são reais? Diferente de Javé, nós temos registros e documentações históricas, mas que igualmente a Javé, foram também contadas. Nos resta apenas acreditar.
E a propósito, quem foi mesmo que descobriu o Brasil?

A importância da escrita para  a memória de um grupo
Os moradores de Javé sentiram a necessidade de escrever sobre seus “grandes feitos do passado” dada a ameaça iminente da construção de uma usina hidrelétrica que varreria o vilarejo e sua história. O “escrito científico” os colocaria no mapa e, com sorte, mudaria a opinião das autoridades sobre a construção da usina.
Escrever a história é sinônimo de mantê-la viva. Por meio da escrita é possível construir e expressar o conhecimento; seja por necessidade e obrigação, seja para que as gerações futuras fiquem a par do passado.
Percebe-se que, num primeiro momento, os moradores se reuniram para escrever a história de Javé pela necessidade, por uma questão de sobrevivência. Antes disso, eles não haviam sentido essa necessidade: o vilarejo estaria sempre ali. Após a inundação, o motivo é outro: manter viva a memória de algo que se perdeu, de um lugar importante que jaz no passado, submerso pelas águas.

A escrita, como as demais invenções humanas, faz parte de um ciclo que surgiu para satisfazer determinada necessidade desde as suas formas pré-históricas. Uma das funções adquiridas pela escrita foi a de armazenamento e circulação do conhecimento e da informação. A informação é tanta que é preciso registrar todos os acontecimentos, a fim de que tais bens culturais não se percam com o passar do tempo.

Parece-nos – e é uma especulação – que o ser humano recorre à escrita para provar o que é e o que foi real. Parece-nos ainda que também recorremos à leitura para provar a mesma coisa.

>>QUESTÃO PARA DEBATE

Quem está escrevendo os
 livros de histórias atuais?

Há tanta coisa acontecendo e quem atualiza os livros? Os autores se baseiam em que para fazer esse trabalho? No que sai na imprensa? No que é divulgado na mídia? Se sim, veja a responsabilidade tamanha de um comunicador! Pense no que tem acontecido e se a imprensa tem dado a real versão dos fatos. Quem contará os pormenores o fará baseado no jornal da oposição? No da situação? É preciso ter em mente a importância da comunicação para a história que é contada diariamente no mundo.


Grupo 2:
Letícia Eduarda Wacholz (moderadora), Cristiane Lautert, Andressa Marmitt e Marilene Schmitz

sábado, 16 de abril de 2011

O Sagrado e o Profano


sa.gra.do - adj1. Que se sagrou. 2. Relativo às coisas divinas, à religião; sacro, santo. 3. venerável; santo. 4. sm. Aquilo que é sagrado, santo.

pro.fa.no - adj1. Estranho à religião. 2. Contrário ao respeito devido a coisas sagradas. 3. Não sagrado. 4. V. secular (5). 

Considerando os conceitos apresentados acima, extraídos do Dicionário Aurélio, profano é aquilo que atribuímos como o sinônimo de mundano, cotidiano ou rotineiro. Já sagrado é aquilo que temos com grande carga de significados vindo tanto da subjetividade individual quanto da cultura. Assim, sendo um o oposto do outro. 

O sagrado está relacionado com o divino: um objeto sagrado não é um objeto divino, mas um objeto que permite a ligação com o divino. A divindade a que o sagrado permite uma ligação é uma força que tanto vence e ajuda a vencer, como fracassa e faz fracassar; é um poder que não se pode definir, que está em todo o lado mas que não se pode localizar em lado nenhum. Por outro lado, o profano é um assunto mais complicado. Se seguirmos a lógica, então tudo o que não está ligado à religião é profano. Mas, em certas comunidades, o sagrado está presente em todo o lado: tudo o que faz parte da existência é sagrado. Nestes casos, onde o sagrado domina, onde poderemos encontrar o profano? A resposta é simples, não o encontramos.

"O discurso do sagrado, hoje, coloca-se mais na definição dos espaços de laicidade como redutoras manifestações daquele, ao mesmo tempo que se procura analisar a questão de se esta laicidade não tem ela mesma manifestações de tipo religioso, apelando para autoridade transcendente e, por isso, marcada pelas características do sagrado." 

Referências:
sagrado/profano. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-04-16].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$sagradoprofano>.



Grupo 8: Laura Gomes, Thamires Waechter, Vanessa Costa, Juliana Eichwald e Jonara Raminelli

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A VIDA FAMILIAR Grupo 5


A influência da cultura na adaptação individual tem sido uma questão de considerável importância na psicologia, antropologia e em outras ciências sociais; no entanto, dificuldades teóricas e metodológicas têm limitado a possibilidade de investigar diretamente esses processos. A investigação de modelos da vida familiar faz-se importante devido ao papel estrutural da família na sociedade brasileira e sua relação com a saúde mental e desenvolvimento dos indivíduos.



O modelo cultural da vida familiar foi composto por elementos positivos e negativos aos vínculos familiares. Os elementos positivos puderam ser relacionados à estrutura familiar e ao funcionamento afetivo e qualidade das relações familiares. Os elementos negativos puderam ser distribuídos em um poder prejudicial aos vínculos familiares e aos indivíduos. Sendo que vício, violência e irresponsabilidade foram os elementos relacionados como potencialmente mais destrutivos aos vínculos familiares e às funções protetivas que a família poderia desempenhar.

A configuração familiar vem sendo afetada por transformações sociais, relacionadas, principalmente, à evolução tecnológica, ao desejo por um novo estilo de vida e a entrada da mulher no mercado de trabalho. Cabe à sociedade como um todo saber associar e aproveitar o que está sendo ofertado atualmente sem esquecer seus valores, princípios e culturas. 





Julia Ipê, Larissa Assis, Júllian R. Fischer, Cássio Souza e Lucas Dion Kist (moderador)

O Profano e o Sagrado

Sagrado e profano são duas categorias utilizadas pelos atropólogos para analisar símbolos sociais. O sagrado seria anormal, especial, do outro mundo, real e tabu. O profano seria normal, cotidiano, deste mundo, plebeu e permitido. Num ritual religioso como a consagração de um cavaleiro pela Rainha da Inglaterra, o sagrado toca o profano, e este se sacraliza. 

O sagrado e o profano, são opostos. “O sagrado e o profano foram pensados pelo espírito humano como gêneros distintos, como dois mundos que não têm nada em comum". (Émile Durkheim em seus estudos sobre a religião).

Concluímos que profano é aquilo que atribuimos como o sinônimo de cotidiano ou rotineiro, refere-se ao mundo, fora do contexto da religião. Já sagrado é aquilo que mantém uma relaão com Deus, tudo o que é verdadeiro e inviolável.

Grupo Eduardo Mesquita (Moderador), Gustavo Gerhard e Diego Dettenborn

terça-feira, 12 de abril de 2011

Observando o Não-familiar

Por Andréia Bueno

“Para conhecer certas áreas ou dimensões de uma sociedade é necessário um contato, uma vivencia durante um período de tempo razoavelmente longo, pois existem aspectos de uma cultura e de uma sociedade que não são explicitados, que não aparecem à superfície, e que exigem um esforço maior, mais detalhado e aprofundado de observação e empatia” (Capítulo 9, páginas123 e 124;VELHO, Gilberto. Individualismo e Cultura)

Como colocado pelo autor de Individualismo e Cultura, Gilberto Velho é preciso, para conhecer e falar das dimensões de uma sociedade uma vivencia. Isto me remete rapidamente a experiência de um intercâmbio, e me valho aqui desta minha vivencia de um ano residindo nos Estados Unidos da América com uma família norte-americana, a qual chamava de hostfamily.

Antes de mais nada, é importante ressaltar que em 2001, quando Nova Iorque sofreu o maior atentado terrorista da história do pais e por conseqüência deste ato iniciou uma guerra (até hoje inacabada) contra o Iraque, o mundo inteiro identificava os Estados Unidos como um povo amargo, vingativo e que queria, acima de tudo, mostrar seu poder ao resto do mundo. Foi com esta visão, criada pela mídia e repassada por professores do Ensino Médio que eu embarquei rumo à Nova Iorque.

No primeiro momento, tudo parecia muito estranho e se eu levar em consideração o capítulo “Observando o familiar”, eu me sentia uma verdadeira antropóloga em um processo de pesquisa qualitativa. A cada dia uma observação, um contato direto com o universo investigado era feito. Era inevitável a busca por alguma familiaridade com o local.

A criança pela qual eu era responsável (desempenhava a função de baby-sitter na família) tinha gostos musicais e de seriados incomuns comigo. Passávamos horas baixando musicas e falando sobre Simpson e Friends. Era uma aproximação por interesses e gostos. Porém, era fácil perceber, que mesmo que estivéssemos ligados por estes interesses e gostos, como afirma Motta, o nosso conhecimento e grau de conhecimento não era homogêneo, muito contrario, era desigual.

Eu me sentia, mesmo morando dentro da casa daquela família, muito distante da cultura norte-americana. Por mais legais que eles fossem comigo, por mais que eu estivesse amando o pais e a experiência de morar lá, era como se em todos os aspectos eu estivesse aprendendo do zero. No café da manhã são comidas diferentes, almoço era um lanche rápido, as crianças não voltavam para casa, na Universidade o horário era das 10 da manhã até a 1 hora da tarde, as crianças não “precisavam tomar banho todos os dias, pizza era comida com as mãos e escolhidas por pedaços, não era servido condimentos com os lanches rápidos, cachorro-quente era composto por salsicha, pão e ketchup, os biquínis vistos na beira da praia eram o que aqui seria tamanho extra-grande, as gurias iam de pijamas da Pink (linha jovem da Victória Secret) no shopping... Enfim, era uma série de costumes totalmente diferentes daquilo que eu estava acostumada, ensinamentos diferentes daqueles que me foram ensinados.

O mais curioso era a cidade de Nova Iorque em si. Caminhar na Times Square era fascinante. O que esta escrito no texto de Gilberto Velho eu presenciei por lá: “O fato é que é dentro da grande metrópole, seja Nova Iorque, Paris ou Rio de Janeiro, há descontinuidades vigorosas entre o “mundo” do pesquisador e outros mundos, fazendo com que ele, mesmo sendo nova-iorquino, pairisiense ou carioca, possa ter experiências de estranheza, não reconhecimento ou até choque-cultural comparáveis à de viagens a sociedade e regiões exóticas”, páginas 126 e 127. Caminhar na Times Square era exatamente isto, um misto de culturas em uma mesma avenida. Nunca esqueço que o meu hostdaddy (pai hospedeiro) disse que em Nova Iorque era mais fácil encontrar pessoas vindas de outros países do que propriamente americanos. Ele próprio, por diversas vezes foi surpreendido por estilos e vestimentas tradicionais em outras culturas, mas “esquisitas” aos olhos dele.

Em ano residindo nos Estados Unidos, vivendo como uma norte-americana, foram muitas as avaliações feitas por mim sobre a cultura norte-americana. Foram diversos os paradigmas quebrados quanto aquele povo e aquela sociedade. Pré-julgamentos feitos baseados no que me era passado foram, de todas as formas deixados para trás, eu vejo, hoje, os norte-americanos como cidadãos de bem, exemplos para o desenvolvimento de uma sociedade justa, pessoas com palavra e claro, com sujeitos mal-intencionados como em qualquer pais, como em qualquer jogo onde é detectado suas exceções. Os Estados Unidos são sim uma cultura muito diferente da nossa brasileira, porém com muitos exemplos para serem tomados e muito a aprender também.

Grupo 9: Ana Cláudia Müller, Andreia Bueno, José Roberto S. C. Sobrinho, Lindiara Hagemann, Maira Farinon.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Construção da noção de moradia

O estudo antropológico tem como uma das formas de pesquisa, a observação participante. Este método etnográfico consiste na saída de campo e a análise contextual e fotográfica da pesquisa. Ou seja, viver junto, dialogar, conhecer, olhar de perto aquela realidade....


Para exemplificar o modelo, uma destas propostas nos foi apresentada em aula, no dia 30 de março. A professora Maria Helena Santana apresentou seu trabalho de dissertação, realizado na Vila Cai-Cai, hoje bairro periférico da zona sul de Porto Alegre. Intitulado de: ‘A Lógica da Habitação Reciclável. Estudo da Organização do Espaço e do Tempo em Uma Vila em Remoção em Porto Alegre – RS’, o estudo antropológico tratou a remoção dos moradores da “Vila Cai-Cai” para o “Loteamento Cavalhada”, na Capital Gaúcha.

Através da observação participante, a pesquisadora mergulhou na realidade vivida pelo grupo e apresentou um relatório sobre o que os moradores definiam ou entendiam como sendo a ‘vila’, o lugar que moravam, e a noção que tinham de moradia. O trabalho foi iniciado em agosto de 1993, encerrado em 1995, e defendido um ano depois.  O trabalho de campo abrangeu mais de 900 pessoas. O período de pesquisa serviu para acompanhar não apenas a realidade de habitar uma vila popular, às margens do Rio Guaíba, mas para acompanhar o processo de remoção das habitações irregulares para a zona sul da cidade.

A professora Maria Helena fez um uso importante no seu trabalho de campo: a fotografia. Em aula ela pode ilustrar o que era vivido pela comunidade. Através de fotos em slides, fomos inseridos para dentro do modo de vida dos moradores. Ver o pátio como extensão da casa, ter a possibilidade de montar e desmontar, aumentar e refazer a moradia; sentir-se livre em condições que a maioria considera sub-humanas, mas presos em um apartamento com água encanada e luz. Estes eram alguns dos conceitos dos moradores da vila a respeito da habitação. A concepção de moradia era 'diferente do convencional' para estes moradores da Cai-cai, distribuídos em aproximadamente 240 casebres.

As fotos foram um complemento essencial para o estudo etnográfico, e retratou a precariedade das casas construídas de sucata; do lixo cobrindo os terrenos e sendo escoado diretamente para o Guaíba, sem encanamento nenhum. Era também no ‘pátio’ que era fornecido o lugar do trabalho daqueles que em sua maioria, trabalhavam ali como catadores e faziam no mesmo ambiente de moradia, a separação do lixo. Por ali andavam crianças descalças, animais, além de gatos e cachorros, as galinhas e porcos. Ali se fez presente um importante simbolismo, o do pátio. O espaço em que se organizava a vida social, o convívio diário entre família e vizinhos. Algumas moradias sem luz, obrigava os moradores a ficarem por ali o dia todo, se recolhendo para casa, apenas na hora de dormir.

Na última aula – 6 de abril- , a professora Maria Helena retomou o assunto e lembrou que no seu processo de coleta de dado etnográfico, nas suas primeiras sessões fotográficas, utilizou filmes preto e branco. Estas mesmas fotos foram reveladas e mostradas aos moradores, que por sua vez, puderam apreciar com um outro olhar, o modo de vida deles. O interessante foi que as fotos não encaixavam com aquela auto-imagem que eles tinha deles próprios. O fato de a foto não ser colorida já era motivo de argumentação dos moradores da Vila. Além disso, as imagens focavam um espaço sujo, miserável.

A professora Maria Helena colocou que a cor foi um fator importante, e que ajudou a expressar um novo olhar dos moradores. O preto e branco nada destacou e deixou uma visualização uniforme em todos os aspectos, possibilitando uma análise crítica do espaço.

A observação participante rendeu ainda acompanhar o poder de decisão e os conflitos entre moradores e o Departamento de Habitação da prefeitura de Porto Alegre, que na época tinha como Chefe do Executivo, o atual governador do Estado, Tarso Genro. Um momento importante da observação participante foi descobrir que aqueles moradores não queriam abandonar suas casas de sucata e madeira velha, para se mudarem para construções que tivessem luz e saneamento básico, que ao ‘olhar’ da maioria garantiria condições dignas de moradia. Eles não queriam casas fechadas, com grades e portões. Não queriam casas como aquelas avistadas do outro lado do Guaíba, concretadas e acinzentadas. Verdadeiras prisões para eles. Eles queriam um pátio. Um lugar onde pudessem continuar tendo o mesmo modo de vida, social e de trabalho. Eles queriam um projeto de estrutura urbana que contemplasse a dinâmica de convívio diário.

Para Felix Keesing, "o homem tem despendido grande parte da sua história na Terra, separado em pequenos grupos, cada um com sua própria linguagem, sua própria visão de mundo, seus costumes e expectativas". Se os moradores da Cai-cai pensam a forma de habitar de modo diferente, é porque o meio em que foram criados os condiciona a fazê-lo. Mesmo eles, que vivem em condições de pobreza - sob nosso "olhar etnográfico" -, põem em questionamento o modo como os indivíduos "da cidade" vivem em seus apartamentos fechados. Aceitar que a forma de entender as coisas não é a única, nem a mais correta, é o primeiro passo para a co-existência pacífica dos grupos.


CONTEÚDO EXTRA
Abaixo apresentamos dois documentários, um fala sobre exclusão social e o segundo trata de diferentes significados que as pessoas dão para as coisas.

ILHA DAS FLORES, diretor Jorge Furtado
Ele coloca em pauta a discussão acerca da pobreza, da fome e da exclusão social. Levando-se em conta que foi produzido em 1989, dá para perceber que as coisas não mudaram muito entre o Brasil daquela época e o de hoje.

ESTAMIRA, diretor Marcos Prado
Marcos Prado, diretor do documentário que toma emprestado o nome dessa mulher, a conheceu fazendo fotos em Gramacho. Em troca de posar para alguns instantâneos, Estamira pediu que o então fotógrafo sentasse a seu lado e com ela conversasse por alguns minutos. Foi o suficiente para que Prado ficasse fascinado com o que, mais tarde, chamou de “cosmologia de Estamira”: a visão de mundo, misturada com delírios e juízos da personagem, que se indigna contra o “trocadilo”, o “poderoso ao contrário” e que vê as estrelas e a Lua presentes aqui na Terra, sendo o céu apenas um reflexo, espelho do que está embaixo.

Grupo 2:
Letícia Eduarda Wacholz (moderadora), Cristiane Lautert, Andressa Marmitt e Marilene Schmitz

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Antro de Significações



Bom, como falamos sobre o sagrado e o profano nas aulas de antropologia e a professora sempre enfatiza os significados que os rituais podem ter, achamos interessante postar um texto com uma breve explicação de como é feito o ritual de iniciação no Candomblé, do que acontece nele e de como um ser humano pode atribuir uma grande quantidade de significados a um conjunto de atos. O Candomblé é uma religião extremamente rica em significações em que há o cultivo dos orixás, desenvolvida principalmente no Brasil pelos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos pra cá. Para quem quiser saber mais sobre o assunto segue outro link com mais informações:



O Ritual de Iniciação no Candomblé

O ritual de iniciação no Candomblé, a feitura no santo, representa um renascimento, tudo será novo na vida do yàwó, ele receberá inclusive um nome pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade do Candomblé.
A feitura tem por início no recolhimento. São 21 (vinte e um) dias de reclusão, e neste prazo são realizados banhos, boris, oferendas, ebós, todo o aprendizado começa, as rezas, as dança, as cantigas…
É feita a raspagem dos cabelos (orô) e o abiã recebe o oxu (representa o canal de comunicação entre o iniciado e seu orixá) o kelê, os delogun, o mokan, o xaorô, os ikan, o ikodidé. O filho de santo terá que passar agora por um ritual, onde terá seu corpo pintado com giz, denominado efun. Ele deverá passar por este ritual de pintura por 7 (sete) dias seguidos.
O abiã terá agora que assentar seu Orixá e ofertar-lhe sacrifícios de animais de acordo com as características de cada um. Feito isso ele passa a se chamar yàwó.
A festa ritualística que marca o término deste período é denominada Saída de Yàwó, neste momento ele será apresentado à comunidade. Ele será acompanhado por uma autoridade à frente de todos para que lhe sejam rendidas homenagens.
Deitado sobre uma esteira, ele saudará com adobá e paó, que são palmas compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo yàwó e acompanhadas por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele momento ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada. Primeiramente saudará o mundo, neste momento a localização da esteira é na porta principal da casa. No seu interior, ele saudará a comunidade e por último, frente aos atabaques que representam as autoridades presentes. Neste primeiro momento o Orixá somente poderá dar o jicá. Só após a queda do kelê o Orixá poderá dar seu ilá.
O momento mais aguardado do cerimonial é o orukó. Neste momento o Orixá dirá o nome de iniciação de seu filho perante todos e também é neste momento que se abre a sua idade cronológica dentro de sua vida no santo.
Após a saída e depois dos 21 (vinte e um) dias de recolhimento o yàwó permanecerá de resguardo até a queda de kelê fora do barracão por um período de 3 (três) meses, neste período ele não poderá utilizar talheres para comer, deve continuar a sentar-se no chão sobre a esteira durante as refeições, está proibido de utilizar outra cor de roupa que não o branco da cabeça aos pés, não poderá fazer uso de bebidas alcoólicas, cigarro. .. E nem tão pouco sair à noite. E até que se complete 1 (um) ano, os seus preceitos continuarão.
Até que o yàwó complete a maior idade de santo, terá que continuar dia a dia o seu aprendizado e reforçar os seus votos por meio das obrigações.

Trecho Livro A Panela do Segredo, 283 – Pai Cido de Osun Eyin:

“Vale dizer que o transe não é imprescindível para que uma pessoa seja iniciada como adoxu, pois, independentemente de se manifestar o Orixá está em cada um de seus filhos. Isso é muito importante, porque só os adoxu podem assumir determinadas funções sacerdotais, como os cargos de ialorixá ou babalorixá. Sendo assim, uma pessoa que tem em seu odu a missão sacerdotal, incorporando ou não o Orixá, deve ser iniciada como adoxu e nunca como ogãn ou equedi, que já são ijoyé natos e jamais poderão entrar em transe de orixá”

Trecho Livro A Panela do Segredo, 284 – Pai Cido de Osun Eyin:

“Algumas pessoas não precisam ser raspadas ao se iniciarem. Esse é o caso principalmente das crianças que nasceram fadas à morte, mas que venceram o trágico destino (abiku). Existe uma graduação delas que considera as especificações de seu nascimento. Por exemplo: as crianças que nasceram pelos pés, com o cordão umbilical em volta do pescoço, depois de vários abortos, que foram abandonadas ao nascer ou cujas mães morreram ao dar à luz ____ neste último caso, se o abiku for indevidamente raspado poderá levar o seu pai-de-santo (ou seja, aquele que lhe deu a vida na religião) à morte. Evidente que todo nado morto é abiku”

fonte:


Grupo 9 : Ana Cláudia Müller, Andreia Bueno, José Roberto S. C. Sobrinho (moderador), Lindiara Hagemann, Maira Farinon.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Sociedade como um Sistema de Significação. Grupo 5

As diversas ciências e saberes que se propõem a analisar o homem e seu meio, o pensam em suas características naturais e em situação social, logo, de cultura. Duas perspectivas conceituais são adotadas nesse sentido: uma é a noção de "necessidade" e outra é a idéia de "desejo". O homem, como ser natural, é puro sentimento de si, isto é, em-si – ele é oposição alienante ao mundo, esgotando-se no objeto de contemplação – sua certeza não ultrapassa o nível da certeza sensível[2]. O que essa contemplação revela é o objeto e não o sujeito[3].
É a partir do desejo (Beigerde) que o sujeito começa a se constituir, pela assimilação/supressão do objeto desejado. Essa ação é uma ação "negatriz", pois, objetiva uma transformação/incorporação do objeto para a satisfação do desejo. Nessa fase o homem passou da Consciência para a Autoconsciência – ele não apenas se opõe a tudo que lhe é exterior como também tem consciência dessa oposição. Ele agora é um "para-si".
O desejo não possui uma direção objetual específica, não possuindo um conteúdo positivo particular, e, o que essa contingência do objeto evidencia, em análise última, é sempre, pois, uma falta, um vazio original que se manifesta como "estrutura estruturante" do próprio desejo e, por conseguinte, do homem enquanto tal. Essa falta original é que permite ao homem sua extrema adaptabilidade em seu meio, diante da permanente contingência da realidade à qual está inserido. O desejo, para que deixe de ser natural, tem de desviar sua inclinação das coisas naturais, dos objetos naturais enquanto dados imediatos do real, ou seja, do real enquanto ‘'coisa''propriamente, natural. Ora, a única realidade que apresenta essa característica é o próprio desejo[4]. Dessa maneira o homem só se torna propriamente humano quando seu desejo de "para-si" se volta para um outro desejo de "para-si", superando desejo animal, elevando o homem ao estágio de "em-si e para-si", permitindo-lhe todo processo de transformações daí decorrentes.
A síntese da dialética entre dois "em-si e para-si" é, pois, a própria sociedade, a própria cultura enquanto obra e manifestação dessa sintaxe, permitindo o curso do processo histórico. Essa rede de articulações, nessa sintaxe que constitui o próprio sujeito, é designativa de uma ordem constituidora, engendrada, de que tratar-se-á mais à frente – a chamada Ordem Simbólica.[5] O homem é um ser gregário, forma grupos no interior dos quais estabelece suas relações, suas práticas, dentre elas a reprodutora, inerente a preservação da própria espécie. Como pudemos ver anteriormente, esse homem é marcado por uma falta essencial, que lhe permite adaptar-se ao meio, negando o próprio objeto, constituindo-se como efetivamente humano, transformando a realidade através de suas produções. Pois bem, é dessa falta, que gera um desamparo original, de que trataremos agora. Ela é, pois, o estribo do desejo e estruturante de ordem simbólica, portanto do humano.
O homem advém, ele nasce de uma relação social, em que já está intrínseco certa concomitância entre seus membros, e uma divisão social do trabalho – a própria pratica reprodutora. Esse indivíduo nasce dentro de uma determinada constituição social, primitiva ou não, mas gregária, em que receberá cuidados necessários à manutenção de sua vida, dado ao seu desamparo fundamental, sua impossibilidade de prover por si só os recursos indispensáveis às suas demandas, à sua sobrevivência. Esse ser nasce dentro de uma ordem, dentro dessa ordem, mas não tem consciência de nela estar – é, pois, um indivíduo, mas não um sujeito.
O recém-nascido recebe sua alimentação, tendo a "dor", desencadeada pela necessidade (fome), sendo aliviada pela ingestão do alimento, gerando uma experiência de satisfação:
Daí por diante, uma imagem mnemônica permanece associada ao traço de memória da excitação produzida pela necessidade, de tal forma que na vez seguinte em que a necessidade emerge, surgirá imediatamente um impulso psíquico que procurará recatexiar a imagem mnemônica da percepção e reevocar a própria percepção, isto é, restabelecer a situação original de satisfação. Um impulso dessa espécie é o que chamamos de desejo (FREUD apud ROZA: 2004, p145).


"Tudo fornece um sentido, senão nada tem sentido" (Claude Lévi-Straus)

Bibliografia de apoio:

1- BARTHES, Roland. Mitologias. Ed. Difel/ Editora Bertran Brasil LTDA, 2003. Rio de Janeiro, RJ.
2- FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Civilização. Imago, 2002. Rio de Janeiro, RJ.
3- GARCIA-ROZA, Luiz Alfred. Freud e o Inconsciente. Ed. Jorge Zahar, 20ª Ed. Rio de Janeiro, RJ.
4- HEGEL, G.W.F. A Fenomenologia do Espírito. Ed. Vozes, 2a ed. Petrópolis, RJ.
5- LACAN, Jacques. A Instância da Letra no Inconsciente ou a Razão desde Freud in: Escritos. Ed. Jorge Zahar, 1998. Rio de Janeiro, RJ.

Lucas Dion Kist (Moderador), Julia Ipê, Larissa Assis, Júllian R. Fischer e Cássio Souza.

O Sagrado, O Profano, O Tabu


O SAGRADO:

- Algo especial, de valor, que não pode ser violado


O PROFANO:

- Tudo que não é sagrado



O TABU:

- Sagrado, proibido

Virgindade de Maria
Virgindade de Maria


RELIGIÃO, RITUAL E CURA*


            “A importância dos cultos religiosos na interpretação e tratamento da doença tem sido amplamente reconhecida na literatura antropológica. Mais do que isso, os antropólogos têm frisado peculiaridades e aspectos positivos do tratamento religiosos quando comparado aos serviços oferecidos pela medicina oficial. Ao invés de explicações reducionistas da medicina, os sistemas religiosos de cura oferecem uma explicação à doença que a insere no contexto sociocultural mais amplo do sofredor (Comaroff, 1980,1985). Mais do que atribuir uma causa objetiva a estados confusos e desordenados, a interpretação religiosa organiza tais estados em um todo coerente (Lévi-Strauss, 1967). Enquanto o tratamento médico despersonaliza o doente (Taussig, 1980), o tratamento religioso visa agir sobre o indivíduo como um todo, reinserindo-lhe como sujeito, em um novo contexto de relacionamento.”

* Trabalho de Miriam Cristina M. Rabelo, apresentado no I Encontro Nacional de Antropologia Médica, Salvador (BA), três a seis de novembro, 1993

Fonte:
ALVES, Paulo César; MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Saúde e doença: um olhar antropológico. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 1994. 174 p.

Abaixo segue um vídeo de entrevistas feitas com benzedeiras para pesquisa feita pelo MUHM (Museu de História da Medicina) em sua primeira exposição.


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GRUPO 4: Adalberto A. de Souza, Ana Carolina Nunes Frantz, Mirele da Rosa von Diemen e Tanara Iser  
Moderadora: Tanara.

SAGRADO x PROFANO

Em uma primeira análise podemos notar que, enquanto o sagrado se define como associado à religião, ao divino, ao respeito e veneração, o profano define-se em relação ao sagrado, como oposto ao sagrado. Mas o que são o sagrado e o profano?
O sagrado relaciona-se com o divino: um objeto sagrado não é um objeto divino mas um objeto que permite a ligação com o divino. Estando associado à divindade, reflete os sentimentos que a própria divindade evoca: terror e fascínio. A divindade a que o sagrado permite uma ligação é um poder que não se pode definir, que está em todo o lado mas que não se pode localizar em lado nenhum. Esta força sobre-natural e incontrolável, quanto muito aplacada e propiciada através de sacrifícios, é, ao fim e ao cabo, o desconhecido, pois apenas se sabe que é poderosa para além da imaginação. É esse desconhecido que atrai e repulsa, que fascina e aterroriza: porque o seu poder é tão desejado como temido, os seus favores tão ambicionados como a sua fúria é indesejada.
O profano é um assunto um pouco mais complicado. Se seguirmos a lógica, então tudo o que não está ligado à religião é profano. Mas, em certas comunidades, o sagrado está presente em todo o lado: tudo o que faz parte da existência é sagrado. Nestes casos, onde o sagrado domina, onde poderemos encontrar o profano? A resposta é simples, não o encontramos.
Embora a sociedade ocidental encare a realidade como uma dicotomia (real vs. irreal; homem vs. mulher; civilizado vs. primitivo; Bem vs. Mal; Deus vs. Diabo; sagrado vs. profano; positivo vs. negativo; etc.), na realidade não é  assim que se define dicotomias. E reparem na lista de dicotomias que eu apresentei na frase anterior. Já repararam que (se forem ocidentais) vão ter a tendência para ver um dos lados como positivo e o outro negativo? Uma das razões por que a submissão da mulher se mantém enraízada é precisamente esta tendência de demonizar um dos pares em que organizamos o mundo. Se, no par Homem-Mulher, o Homem é algo positivo, então a mulher terá de ser algo negativo (e vice-versa para as teorias feministas). É por esta razão que o pensamento oriental é por vezes difícil de seguir: o Yine o Yiang, sendo pares, não são vistos como positivo e negativo, como uma parte a manter e outra a desaparecer, mas como complementos essenciais ao equilíbrio. O próprio positivo é negativo se não estiver equilibrado!
O sagrado não existe sozinho: o homem desenvolveu rituais, cerimônias e tradições que definem os comportamentos a ter e a evitar quando em presença do sagrado. Essas regras são a religião, que gere o sagrado.
Texto ajuda: http:// fraternidadeespiritual.blogspot.com
Grupo 3: Fábio Felício, Vivian Porto, Vânia Soares e Mariele Garcia (Moderadora)

Padres, xamãs e aniversariantes

  Diante da ilógica natural, a humanidade cria e impõe uma ordem de significados, que expande o controle da sociedade à natureza ou seria retirada da própria natureza elementos espinhais de uma ordem social? E se assim fosse, quais seriam estes elementos? É apenas o fato de que estudiosos como Mallinowski, Durkheim, Brown, entre outros, não conseguiram dar respostas definitivas a estas perguntas, que justifica a incapacidade deste grupo, neste blog, de produzir respostas satisfatórias. Contudo, nada nos impede de tecer alguns comentários.
  Freqüente em estudos sobre sociedade e cultura, é a ideia  de uma “rede” de significados que ordenam e limitam as relações sociais. Não seria estranho, neste sentido, a definição da cultura como uma “jaula” onde os não alinhados - aprisionados - seriam marginalizados ou excluídos. Embora, deve-se observar que esta jaula possuiria grades maleáveis e constantemente mutáveis devido a pressão dos movimentos culturais de determinada sociedade. Assim, o sentido dado a um signo ou um ritual poderia se transformar ao longo do tempo. O que, no caso dos rituais, explicaria a necessidade de sua constante repetição. Vamos tentar um exemplo claro, o ritual moderno da “festa de aniversário”. 
  A festa de aniversário como é entendida na nossa sociedade atual, compreende uma série de signos e ações significativas que a definem. O bolo, as velas indicando a idade do sujeito, os balões etc., constroem a ideia de um aniversário. Sem estes e outros signos, o propósito da festa perderia o sentido. Que exemplo melhor neste sentido, do que o ritualístico ato conjunto de cantar a mais conhecida musica no ocidente, o “Parabéns pra você!”. A musica, que é completada pelos aplausos ao aniversariante é a maior indicação de que naquele determinado dia, tal pessoa ficou mais velha. A festa de aniversário sendo um ritual de comemoração à vida do individuo, exige que seja comemorada constantemente, ano após ano, marcando a sua vivência.
  Algumas formas ritualísticas exemplificam melhor o poder dos sentidos culturais na ordenação da vida humana, este é o caso do xamanismo. Ao descrever um ritual de cura em uma tribo indígena, Lévi-Strauss apresenta a ideia de que o xamã ao dar significações culturais para os sintomas do doente, possibilita a normalização da dor. Além de que, na medida em que o xamã contrapõem símbolos protetores ante aos males que causam o sofrimento, ele dá ao que sofre modos de combater a doença através de sua própria cultura.
  Há um exemplo contemporâneo, se não similar, aproximado desta ocorrência. No inicio do mês de junho do ano passado, um estranho caso de histeria coletiva em uma escola do município de Itatira no Ceará, ganhou destaque nacional. Um grupo de alunas testemunhou ter visto ou sentido a presença de um estudante da escola que havia falecido recentemente. Estas ocorrências levaram a direção da escola a chamar um padre para orientação dos alunos e realizar uma benção na escola. Para espanto geral, em meio a benção do padre, varias outras meninas entraram em estado de histeria alegando estarem possuídas ou sob influência do fantasma do jovem morto.
  Deixando as explicações psicológicas de lado, é interessante observar o aumento dos “ataques” entre as alunas após a benção do padre. Podemos imaginar a forma que é interpretada a ida do padre a escola pelos alunos, com toda a simbologia sagrada que envolve sua pessoa para uma comunidade católica, como uma espécie de oficialização de que algo “espiritual” de fato ocorria entre os alunos. Explicando o fortalecimento da convicção dos alunos da presença de um fantasma entre eles e a continuação dos ataques de histeria. Neste caso, além de uma simples fenômeno psicológico, esta histeria coletiva é também uma manifestação social possível dentro da lógica da cultura religiosa brasileira.

CHARTIER, Roger. O Mundo como Representação. estudos Avançados. São Paulo, vol.5, n. 11,p. 173-191, Jan./Apr. 1991.
GINZBURG, Carlo. Os andarilhos do bem: feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido. São Paulo: Brasiliense, 1991.
http://www.overbo.com.br/transe-coletivo-e-definido-como-histeria-coletiva-por-psicologa/

Grupo 1

Eu significo, Tu resignificas - Grupo 4

Aula: 23/03/2011

"... o conhecimento pode ser, ao mesmo tempo, objetivo e subjetivo..."
(Lévi-Strauss)


Jean amava Teresa, que amava... Jean mesmo, porque essa não é a “Quadrilha” do Drummond e aqui estamos falando do Jean e não do João. O fato é que Jean amava Teresa, que amava Jean, que era francês. Conheceram-se num intercâmbio no Canadá e agora era chegada a hora dela conhecer a família dele na França. Ouvira falar que os franceses são meio ranzinzas e por isso foi o mais preparada possível para não cometer gafes.
Jantar na mesa, o sogro pergunta se a comida preferida de Jean e especialidade de sua esposa são do gosto de Teresa. Ela, não entendendo nada, apela para o sorriso e o velho sinal de “OK”.
Gafe geral, a sogra fecha a cara e o sogro fica sem reação. Ela não entende nada e vai embora achando os pais de Jean uns malas.
O que Teresa não sabia é que para os franceses, o sinal de “OK” é algo vulgar.
Agora que o mal feito estava feito, o negócio era pensar em alguma maneira de fazer do limão uma limonada, ou uma caipirinha, que é hábito de brasileiro. 
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Bem, a história contada acima é ficção, mas poderia muito bem ter acontecido, já que mal-entendidos são comuns.
Nos comunicamos através de signos (toda unidade portadora de sentido, instrumentos de comunicação e representação, na medida em que, com eles, configuramos linguisticamente a realidade e distinguimos os objetos entre si), que podem ter significados múltiplos, de acordo com o sistema de linguagem. Como as fronteiras culturais são inúmeras, as referências de significados também são, podendo ter vários sentidos.
Portanto, nossos gestos, sons e palavras fazem parte de um sistema de signos que serve para nos comunicarmos (linguagem) e representam nossos conceitos, idéias e pensamentos.



Signo por Ferdinand de Saussure
 Privilegia o signo verbal (signo, significante e significado)

SIGNO

               SIGNIFICANTE                                             FORMA         
               SIGNIFICADO                                              CONTEÚDO

                
             SIGNO
                                                 


                    Diferentes Significados para franceses e brasileiros

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CONFUSÕES DE UM CACHIMBO QUE NÃO ERA UM CAHIMBO E UM CHARUTO QUE ERA SÓ UM CHARUTO

Já diz o ditado popular que a arte imita a vida. Não só imita como é influenciada por ela. Uma prova disso é o movimento de arte Surrealista, significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas de Freud.
O pintor René Magritte é representante desse movimento e brinca seriamente com ilusionismo e representações. Magritte expressa um tipo de obra que mais do que ser admirada, precisa ser pensada. E tanto foi pensada que uma de suas obras mais famosas (a do cachimbo), rendeu muito falatório... E rende até hoje. Inclusive o filósofo Michel Foucault fez um ensaio sobre isso, além de blogs políticos terem se influenciado pela proposta de Magritte e artistas de outras áreas que não reproduzem essencialmente o movimento surrealista.
Abaixo segue a obra citada:

 Isso não é um cachimbo

Isso não é um cachimbo, e a frase também não. É uma imagem que é a representação de um cachimbo.


É conhecido o caso em que Freud estava fumando um charuto e ao perceber que alguns dos seus discípulos confabulavam para tentar entender o que aquele fato significava, chamou-os e disse: há momentos em que um charuto é apenas um charuto.

Abaixo segue um link com trecho do filme Moça com Brinco de Pérola. Atente-se para a pergunta do pintor sobre a cor das nuvens e reflita: até onde vemos o que vemos, até onde vemos o que pensamos que vemos? E Afinal, de que cor são as nuvens?

GRUPO 4: Adalberto A. de Souza, Ana Carolina Nunes Frantz, Mirele da Rosa von Diemen e Tanara Iser  Moderadora: Tanara.