quarta-feira, 8 de junho de 2011

Antropologia da saúde e a cultura

O termo saúde, enquanto fenômeno humano global, é também objeto de estudo da Antropologia. Para isto devem ser observados dois pontos de vista fundamentais: olhar filosófico sobre a natureza humana onde o Homem é considerado um ser que existe no mundo históricamente; o projeto de aplicar o conhecimento do homem –tanto como criatura que cria a cultura ou ele como própria cultura- na saúde e nas doenças da humanidade com busca por respostas às moléstias  dentro do contexto cultural específico.

Por isso na década de 90 surgiu a necessidade de estudar, por meio da interdisciplinaridade, as relações socio-culturais do homem e suas maneiras de se relacionar com o próprio mundo. Nada mais do que uma análise sobre a origen do homem e reações  diante das doenças, levando em conta suas experiencias num meio hospitalar.

Tendo em vista a ênfase que as Ciências Sociais deram para as questões da saúde pública/coletiva destacando a pessoa, o corpo e a doença, o foco principal deste estudo, é a construção do indivíduo, do corpo e dos sentimentos ligados aos distúrbios da saúde. A antropologia conta com a filosofia, com a sociologia, com a psicologia, com a história e, neste leque de orientações teórico-metodológicas nasce um cuidado com o ser humano.


A preocupação em fundamentar a necessidade da reflexão antropológica no contexto das ciências da saúde e da Medicina é um dos principais objetivos da Antropologia da Saúde. Essa ciência também se preocupa em valorizar a centralidade da pessoa enquanto sujeito cultural e social e prestar cuidados relacionados à saúde. A transmissão e contribuição que a Antropologia Médica, nas suas duas correntes, filosófica e cultural, oferece à Saúde Pública.

A Antropologia da Saúde reconhece o caráter antropológico da Medicina como ciência e como Práxis. Essa ciência aprofunda a consciência e as implicações do ser humano e o compreende como realidade plural, íntegra, destacando a importância das dimensões culturais e sociais no âmbito da Saúde Pública. É um estudo que reconhece as diversidades de olhares sobre o homem na sua relação com a saúde e com a doença, em contexto de multi-culturalidade, como horizonte de compreensão e instrumento de intervenção em Saúde Pública.

Existem três graus de estudos com relação à Antropologia da Saúde. O primeiro grau é o Grau Epistemológico da Antropologia, que é subdividido em quatro: Introdução à Antropologia - Conceitos e Métodos.  Interdisciplinaridade; Antropologia e Antropologias - a especificidade da Antropologia da Saúde. Antropologia Física, Antropologia Cultural e Antropologia Médica; Análise crítica dos reducionismos antropológicos e grandes paradigmas antropológicos da Cultura Ocidental.

 O segundo grau, o grau filosófico, é subdividido em seis: Algumas contribuições fundamentais da Antropologia Filosófica contemporânea. Pluridimensionalidade estrutural constitutiva da Pessoa Humana: relação, corporeidade, interioridade, comunicação, ética, historicidade, indigência, vulnerabilidade, mistério;  A Pessoa Humana sujeito de cultura e à cultura (cultura e culturas) - vivências e representações de saúde e doença, do sofrimento e morte; O Homem entre a evidência e o mistério. O processo de medicalização da vida e da condição humana; A Medicina entre o paradigma humanista e o Tecnocosmos; Modelos de Humanismo emergentes na Medicina e Aplicação Bioética no tratamento de questões primordiais.

 Já o terceiro grau, o grau metodológico, divide-se em três subitens: Antropologia Médica: elementos conceptuais e metodológicos para uma abordagem da saúde e da doença, no âmbito da Saúde Pública Importância dos fatores culturais e sociais na consideração do binômio saúde-doença; Aspectos culturais determinantes da interação médico-doente no processo terapêutico. Incidência dos fatores culturais na Epidemiologia e Definições culturais de anatomia e de fisiologia.


Já estudamos sobre a influência da cultura na vida das pessoas. Quando se trata de saúde, as coisas não são diferentes. Por exemplo, o cansaço, o sono, a fraqueza, a falta de apetite, a febre e a dores de cabeça e no corpo, são sintomas desagradáveis que podem ser interpretados como o signo de estar doente. Ou seja, esses sintomas, quando identificados pelo médico,
ou pelo próprio paciente, representam a doença como uma construção social. As doenças, de um modo geral, são encaradas de modos diferentes por homens e mulheres de um mesmo grupo. Sendo assim, o gênero construiu-se por duas vias: a construção social e de forma relacional.

Quando se trata de problemas de saúde, um fator, que acompanha a evolução e o tratamento de determinados distúrbios, do qual o paciente nutre-se, é o apoio religioso. No entanto, as religiões de tradição conservadora condenam, em sua maioria, os doentes. Elas reforçam a ideia de culpa, afirmando ser a doença um castigo das ordens superiores pela ausência de compromisso de fé do enfermo com a crença. A enfermidade mental é estudada por meio de narrativas, depoimentos, estudos de casos de famílias ou histórias de vida contadas por familiares ou terceiros.

Esse estudo, a partir de narrativas, pressupõe uma forma de conhecimento prático, diferenciado do saber médico. Ele enfatiza a capacidade de expressão e reflexão do enfermo sobre a sua doença. Dessa forma, é possível diagnosticar o problema na fonte patológica e biológica. Porém, é importante diferenciar o conhecimento erudito do popular, já que surgem novas formas de comunicação e aprendizagem.

Em suma, a antropologia da saúde viabiliza práticas entre pensamentos e ações, teorias e experiências de vida dos doentes. Por meio da organização dos símbolos e das categorias das doenças, utiliza o bom senso entre os paradoxos coletivo/indivíduo, vida/morte, ciências médicas/ciências sociais, objetividade/subjetividade. Assim, a antropologia da saúde, procura
desvendar caminhos menos convergentes e construtivismos mais eficientes, num futuro próximo.

Grupo 8: Laura Gomes, Thamires Waechter, Vanessa Costa, Juliana Eichwald e Jonara Raminelli

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