quarta-feira, 1 de junho de 2011

Identidade e etnicidade - Grupo 1

   Uma dos elementos do Período Moderno que permitiram a formação dos Estados nacionais europeus, que depois seria adotado como modelo de Estado moderno por todo mundo, foi a construção das identidades nacionais. Portugal, a primeira nação moderna a se estruturar na história, apenas conseguiu estabelecer um Estado nacional, após constituir um mito fundador (no caso o da resistência dos povos lusitanos a Roma) que integrou sua cultura, definiu sua língua e, principalmente a diferenciou dos outros povos europeus.
  Este processo de formação das identidades nacionais é marcante durante toda a modernidade e no inicio do período contemporâneo, pelo mundo todo. As políticas de Estados nacionais na construção e na “proteção” de culturas nacionais, tiveram seu auge no final do século XIX e inicio do XX e culminaram nas duas maiores guerras que a humanidade já protagonizou, a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais.
  Com o fim da 2ª Guerra Mundial e o horror do Holocausto, dois conceitos antes solidificadores das sociedades perderam seu crédito e sentido: as identidades nacionais e as divisões raciais (a idéia de raça). A perda destes dois modos de diferenciação e significação do mundo abalou as estruturas das sociedades contemporâneas, principalmente no ocidente. É neste momento que surge a noção de etnia como modo de divisão entre povos e culturas humanas. Uma determinada etnia, refletiria em tese as principais estruturas culturais de uma comunidade, tal como a religião, a língua, as ciências, os costumes etc. Contudo, o uso do conceito de etnia na caracterização de uma cultura, deixa muito a desejar, exatamente pelo aspecto heterogênico deste modo de divisão, pois uma etnia pode comportar diversas e conflitantes identidades culturais.
  Além disso, nas ultimas décadas o fenômeno social da globalização aproxima-se do seu auge, graças aos avanços nas tecnologias de comunicação, transporte e na própria estruturação da economia moderna. Este processo permite uma maior transação de idéias, políticas e principalmente cultura entre povos. Entretanto, atenta-se ao fato da globalização não ser um processo igualitário, pois seus centros se encontram em regiões ou nações que são pólos tecnológicos, econômicos etc. Estes centros de globalização, disseminam sua cultura com maior poder e intensidade do que as sociedades localizadas nas margens do próprio fenômeno da globalização. O que promove uma reação de resistência nestas mesmas comunidades.
  Deste modo, compreende-se a revolução dos modos de organização das identidades ao redor do mundo na atualidade. Entre os anos 70 e 80, em um processo continuo, diversas comunidades no mundo todo passaram a se relacionar de um modo completamente diferente com suas identidades. Esta crise das identidades ocasionada pela desestruturação das identidades nacionais, raciais entre outras, leva a uma reestruturação dos movimentos feministas, movimentos negros , nativistas, etc. A territorialidade surge como uma opção a nacionalidade, onde os movimentos regionalistas ganham destaque como representantes de identidades culturais.
  No Brasil não foi diferente, os movimentos de combate ao preconceito e ao racismo se reorganizam, não mais como movimentos de integração do negro na sociedade brasileira, mas sim como organizações de defesa e preservação da cultura e religião afro-brasileiras. O Movimento Negro Unificado – MNU, que tem sua fundação em 1979, se estrutura como um grupo de preservação e reconstrução (construção) de uma identidade negra brasileira, em um processo que se divide em três eixos: resgate da cultura, preservação das religiões afros e a promoção de políticas de discriminação positiva.
  No Rio Grande do Sul também não foi diferente, é marcante a solidificação do movimento tradicionalista gaúcho a partir dos anos 70 e 60, que reinventou a história e constituiu uma idéia de cultura gauchesca que passaria a representar a identidade do estado. Nas regiões de migrações teutônicas e itálicas, entre outras, se desenvolveram movimentos similares de constituição de etnicidades condizentes com os interesses políticos, econômicos e culturais de cada cidade e região. A própria Oktoberfest, que hoje representa a identidade “alemã” santa-cruzense, foi inventada aqui aos moldes de Blumenau e de Berlim em 1984. Constituindo um processo de etnicidade que é desenvolvida a partir de desígnios políticos e consequentemente, na medida em que se apresenta como hegemônica, justificadora de uma ordem social.
ADESKY, Jacques d'. Pluralismo étnico e multiculturalismo: racismos e anti-racismos no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2001.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 7. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

HALL, Stuart. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003.

SEHN, Danúbia Cremonese. A contribuição da Oktoberfest para o discurso identitário germânico de Santa Cruz do Sul. 2009. 149 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Santa Cruz do Sul, 2009.

Para quem quer saber sobre quilombos no Rio Grande do Sul:

http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_brasil_rs.html
Grupo 1: Vinícius Finger (mediador) e Marisa Konzen.

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