quinta-feira, 28 de abril de 2011

Fato escrito não é fato acontecido

            O filme Narradores de Javé conta a história  de um povoado prestes a desaparecer em meio às águas de uma represa. Ele valoriza a história oral como fonte de uma narrativa conduzida por seus protagonistas: o próprio povo que se formou a partir daquela história que eles agora contam.
            Seu objetivo é levar reflexão à respeito do que deve ser considerado válido. A palavra escrita torna-se diferente quando citada.  A dimensão da fala transcende as regras ou limites gramaticais, culturais e sócio-econômicas; é publicada, contada, e passada adiante. Daí cada receptor retira uma nova abordagem uma nova abordagem, uma nova estória (ou história) que, ainda, será repassada à frente.
            Nesse contexto, o filme aborda diversos temas como, a formação cultural de um povo; heranças históricas; crenças; valores; oposição entre memória, história, verdade e invenção; importância da oralidade na construção cientifica; confronto entre o progresso e as tradições do vilarejo.
            O filme fala sobre a história do povoado de Javé, situado na Bahia, que será submerso pelas águas de uma represa. E a única chance da cidade não sucumbir, é possuir um patrimônio histórico (antes inexistente) de valor científico (ou seja,com provas e registros). Os moradores de Javé se reúnem e apontam as histórias que o povo conta como o único patrimônio do povoado. Assim, decidem escrever um livro sobre as grandes histórias do Vale do Javé, logo chamado de livro da salvação, mas poucos da cidade sabem  ler e escrever. O  mais esclarecido é o carteiro Antônio Biá, que apesar das desavenças com os moradores locais se torna o responsável  por reunir as histórias sobre a origem de Javé. Porém com o desenrolar da história a missão de Biá se mostra mais difícil do que parece, dentre outros motivos pelo fato dos cidadãos de Javé tentarem mudar o fato para beneficiar seus interesses, além do próprio protagonista que já é preguiçoso e irresponsável. No final da trama a tentativa de salvação da cidade se torna inútil e Javé desaparece destruída pelo progresso. Como lição, as pessoas que habitavam Javé, entenderam que para existir oficialmente, é necessário possuir provas escritas sobre o local pra onde partiram para formar uma nova “cidade”.
            A história nos faz refletir sobre a grande diferença que existe entre a linguagem oral e a linguagem escrita. Como provar que tudo que as pessoas diziam era verdade se não existiam formas de comprovar esta verdade, ou seja, algo de científico?
            A grande lição da obra pode ser resumida em uma simples frase:

“Fato escrito não é fato acontecido”.

Grupo 3: Vania Soares, Vivian Porto, Mariele Garcia, Fábio Felício

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