quarta-feira, 18 de maio de 2011

"A Invenção da Infância" - Grupo 1

  A rotina atarefada de crianças ricas nas metrópoles em contraste com o dia-a-dia de trabalho e estudo de meninos pobres do sertão brasileiro. De um lado crianças sobrecarregadas de tarefas e cursos preparatórios para uma “vida de sucesso”, de outro, crianças sem perspectiva de futuro, sendo suas maiores preocupações o presente de extrema miséria. São estas contradições que o documentário “A Invenção da Infância”, procura nos apresentar. É visível o esforço do filme em contrapor a vida no interior brasileiro com as regiões metropolitanas. 

  A ideia de infância moderna é uma construção social característica da sociedade européia burguesa da idade moderna, sendo consolidada entre os séculos XVIII e  XIX. As próprias histórias e contos da época, como a “Chapeuzinho Vermelho”, ou a “Cinderela”, bem como outros, sofreram uma mudança drástica em seus enredos. De uma história sangrenta, onde a heroína era incentivada pelo lobo a comer e beber da carne e do sangue de sua própria avó, sendo por fim devorada pelo monstro; a história de chapeuzinho vermelho, foi alterada afim de apresentar um final feliz e uma moral educativa para crianças. Pioneiros nesta releitura de lendas medievais foram, Jacob e Wilhelm Grimm, que influenciados pelo romantismo e a idealização da infância no século XIX, reconstruíram lendas como a “Branca de Neve”, “Cinderela”, “João e Maria”, “Rapunzel”, “Chapeuzinho Vermelho” etc.

  Até mesmo o ato da própria mãe amamentar o seu bebê, apenas se tornou algo louvável na sociedade burguesa européia. Era inimaginável para uma mulher de origem nobre amamentar de seu próprio seio seus filhos, para isso existiam as servas. No Brasil, aconteceu algo parecido no período imperial, onde haviam um lucrativo mercado de amas de leite escravas que eram compradas ou alugadas por famílias ricas para amamentar seus filhos.

  Fato é que a infância tal como pensada atualmente, é um construção cultural relativa a nossa sociedade. E que vai se alterando ao passar dos anos. Décadas atrás em nossa região, onde tradicionalmente a cultura agrícola é familiar, era normal crianças ajudarem seus pais na lavoura; hoje este ato seria considerado trabalho infantil. Assim também como as recentes leis que proíbem pais de punirem seus filhos fisicamente, que alteraram os modos de educação infantil que predominavam até anos atrás.

  Contudo, com relação aos cotidianos apresentados pelo documentário, de crianças ricas da cidade e de crianças pobres do interior, o que diferencia de fato suas vidas, não é exatamente a noção de infância que suas comunidades possuem, mas sim, as diferenças sociais impostas pelas suas classes. Prova disso é que, os organizadores do documentário não precisariam ter viajado para o sertão brasileiro para encontrar crianças extremamente pobres que são obrigadas a trabalhar para ajudar nas despesas da família. Um volta pelos bairros pobres das mesmas cidades metropolitanas, já seria suficiente para explicitar diferenças entre a vida de crianças pobres e ricas no Brasil.

Grupo 1: Vinícius Finger (Mediador), Mariza Konzen.

DARNTON, Robert. O grande massacre de gatos e outros episódios da história cultural francesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Global, 1988.

PERROT, Michelle (org). Da Revolução Francesa à Primeira Guerra. In: História da vida privada. v. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

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